Os acionistas do Banco do Brasil rejeitaram, durante Assembleia Geral na sexta-feira, 26 de abril, a proposta de aumento de quase 57% do salário da presidente da instituição financeira, Tarciana Medeiros. Em vez disso, foi aprovado um reajuste de 4,62%, elevando a remuneração mensal da CEO de R$ 74,9 mil para R$ 78,4 mil.
Os acionistas também recusaram a elevação nos salários da vice-presidência e diretores, que receberam a mesma porcentagem de reajuste que a CEO do BB.
A proposta anterior foi apresentada pelo comitê de remuneração e aprovada pelo conselho de administração do banco. Se tivesse sido aprovada, o salário de Medeiros saltaria para R$ 117,4 mil mensais.
A remuneração da vice-presidência do BB teria aumento de R$ 67,1 mil para R$ 90,1 mil, enquanto os salários de diretores passariam de R$ 56,8 mil para R$ 69,2 mil.
O argumento do BB para submeter o reajuste de salário à assembleia seria de que os valores dos executivos ficaram congelados entre 2016 e 2022 e estão “defasados”, enquanto a remuneração fixa dos demais funcionários do banco foi atualizada.
Então, esse aumento, segundo o banco, seria necessário para equilibrar internamente as remunerações para que sejam “justas” frente às responsabilidades dos cargos. Lembrando que o BB também paga remuneração variável (participação nos lucros) aos seus executivos.
Lucro bilionário
Outro pretexto para a elevação seria o bom desempenho do banco em 2023. Conforme a própria instituição divulgou, houve um lucro líquido ajustado recorde de R$ 35,6 bilhões em 2023, o que representa um retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) de 21,6% e um crescimento de 11,4% em relação a 2022.
Conforme a Frente Nacional de Oposição Bancária (FNOB) já pontuou, os executivos do BB levam em consideração a defasagem dos salários e o alto lucro do banco para reajustes de pagamentos apenas quando se trata da própria remuneração.
Os gestores ignoram, por exemplo, que o salário de todo o funcionalismo público no Brasil está defasado, não apenas dos executivos do banco. Para se ter ideia, atualmente, a remuneração inicial de bancários no BB é de pouco mais de dois salários mínimos. Sem contar que o congelamento de 8 anos dos salários dos funcionários durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) nunca foi solucionado.