Foto: JUSTIN TALLIS / AFP
Com o grande aumento de casos de Covid-19 e indefinições no calendário de vacinação no Brasil, as empresas privadas brasileiras buscam conquistar uma autorização para importar 33 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, com o Ministério da Saúde.
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, a negociação já está em andamento e de acordo com o plano, o Ministério editaria um ato descrevendo as condições para a liberação, metade do total dos imunizantes seria doado ao SUS (Sistema Único de Saúde) e o restante iria para funcionários e familiares das empresas negociantes.
Ao menos 12 firmas estão no grupo para adquirir as vacinas. Um texto que circula entre empresários cita algumas das grandes companhias interessadas: Vale, Gerdau, JBS, Oi, Vivo, Ambev, Petrobras, Santander, Itaú, Claro, Whirlpool e ADN Liga.
Caso consigam a permissão do governo, cada empresa receberia o equivalente ao que comprou. Os 33 milhões de doses —a unidade é estimada US$ 23,79— são a quantidade disponibilizada pela AstraZeneca e poderiam chegar ao Brasil em fevereiro.
No início do mês, durante reunião com cerca de 30 empresários e executivos de algumas das maiores empresas brasileiras que fazem parte do Conselho Superior Diálogo pelo Brasil da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o governo deixou claro que a compra de vacinas seria prioridade para o SUS (Sistema Único de Saúde), mas “uma vez supridas” as demandas do sistema, as empresas poderiam comprar vacinas disponíveis.
Segundo empresários, o governo sinalizou que liberaria a importação. Procurado para dar depoimento sobre o caso, o Ministério da Saúde não respondeu.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, ligado à FNOB, as instituições financeiras e demais empresas privadas querem comprar a vacina, pois sabem que se dependerem do governo Bolsonaro, estão perdidas. Sem a vacinação, os funcionários continuarão sendo infectados pelo coronavírus, terão que se afastar, correrão risco de morte e suas atividades no trabalho não voltarão à normalidade tão cedo.
Além disso, a entidade ressalta que embora seja justa e urgente a vacinação dos trabalhadores, inclusive da categoria bancária, a compra de vacinas por empresas privadas “fura” a fila da vacinação, privilegiando os empresários que podem pagar pela imunização.