Os grandes bancos que atuam no Brasil divulgaram o balanço de suas arrecadações no primeiro trimestre de 2024. Para a maioria deles, o resultado foi positivo: bilhões de reais em lucro líquido, com quantias até superiores ao que foi registrado no mesmo período do ano passado.

Porém, mesmo com esses resultados impressionantes, a realidade vivida pelos bancários no País ainda é de sobrecarga, exploração, pressão por metas, assédio moral, ambiente insalubre, acúmulo de funções, precarização da qualidade de vida da categoria, falta de funcionários, equipamentos e segurança, além das incertezas quanto às “reestruturações” e fechamentos de agências.

O banco Santander, por exemplo, teve alta de 41,2% no lucro líquido recorrente do primeiro trimestre de 2024 em relação ao ano anterior, chegando a ganhar R$ 3,02 bilhões no intervalo, superando as expectativas.

Contudo, a alta lucratividade é, em grande parte, “graças” à pressão exercida nos funcionários. O banco espanhol já até foi condenado pela Justiça do Trabalho ao pagamento de indenização no valor de R$ 1,5 milhão, por danos morais coletivos, por submeter trabalhadores de Ribeirão Preto (SP) à cobrança excessiva de metas, por vezes inatingíveis, sem tomar medidas protetivas em prol da saúde mental de seus empregados.

Melhora financeira

Nesta mesma linha, o Bradesco encerrou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido recorrente de R$ 4,211 bilhões, montante 1,6% menor que o do mesmo intervalo do ano passado, mas que veio 46,3% acima do registrado no quarto trimestre de 2023. O que indica melhora no balanço financeiro da instituição.

Enquanto isso, entidades sindicais, inclusive as associadas à Frente Nacional de Oposição Bancária (FNOB), se mobilizam em todo o país contra a reestruturação do banco, que promove há meses demissão de funcionários e fechamento de agências para diminuir custos e aumentar lucros, expondo seus trabalhadores a condições insalubres sem realizar a devida manutenção em algumas unidades.

Já o Itaú Unibanco anunciou lucro líquido de R$ 1,32 bilhão no primeiro trimestre de 2024, elevação de 1,6% na comparação com o R$ 1,30 bilhão obtido no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, o banco recebeu “investimento” de R$ 10 milhões da Prefeitura do Rio de Janeiro para custear a festa de aniversário da instituição, que teve a cantora pop Madonna como principal atração. Não obstante, o Itaú ainda fecha agências seguidamente, enquanto entidades sindicais lutam na Justiça para evitar demissões, precarização do serviço e sobrecarga dos funcionários.

O Banco Mercantil obteve lucro recorde de R$ 165,1 milhões no 1º trimestre de 2024, com um aumento de 142,4% em doze meses, quando a instituição alcançou lucro líquido de R$ 68,1 milhões. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) chegou a 34,7%, com alta de 16,9 em doze meses. O patrimônio líquido totalizou R$ 1,7 bilhão, com alta de 26,2% em relação ao mesmo período de 2023 e 7,5% no trimestre.

No primeiro trimestre de 2024, o Banco PAN registrou lucro líquido ajustado de R$ 217 milhões, alta de 12% na comparação anual. Em comparação ao trimestre anterior, o lucro subiu 11,2%. Controlada pelo BTG Pactual, a instituição apresentou um retorno sobre o patrimônio líquido de 12,2%, alta de 0,6% em 12 meses e de 1,1% frente ao último trimestre.

Enquanto isso, o BTG Pactual alcançou lucro líquido ajustado de R$ 2,889 bilhões no primeiro trimestre de 2024, com elevação de 1,5% em relação o trimestre anterior e de 27,7% sobre mesmo período de 2023. A receita total do banco ficou em R$ 5,891 bilhões, com aumento trimestral de 4,2% e anual de 22,7%.

Outro banco que segue crescendo seus números é o Inter. No primeiro trimestre de 2024, sua receita bruta total atingiu R$ 2,291 bilhões, ganho de 27,3% na base anual. Já a receita líquida foi de R$ 1,401 bilhão, valor 36,8% superior em comparação ao mesmo período de 2023.

O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 9,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 8,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o retorno sobre o patrimônio líquido, ajustado anualizado, aumentou 0,7% em 12 meses, chegando a 21,7%.

O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) alcançou lucro líquido de R$187,6 milhões no primeiro trimestre de 2024, o que representa uma queda de 12% em comparação com o mesmo período de 2023. Apesar do crescimento das receitas de prestação de serviços e na margem financeira, a redução reflete uma elevação nas despesas de provisão para perdas de crédito e nas despesas administrativas. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE) ajustado foi de 7,7%, mostrando uma diminuição em relação aos 9,0% registrados no primeiro trimestre de 2023.

Em contrapartida, o Banco do Nordeste terminou o período com resultado operacional de R$ 942,3 milhões. O valor representa acréscimo de 12,2% em relação ao resultado do mesmo intervalo de 2023. O lucro líquido foi de R$ 500,7 milhões e corresponde a 99,6% do resultado líquido do primeiro trimestre de 2023.

A Caixa Econômica Federal encerrou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido recorrente de R$ 2,9 bilhões, valor 49% maior que o do mesmo período do ano passado. Pelo critério contábil, o resultado do banco público foi de R$ 2,5 bilhões, alta de 27,3%.
Novamente, a alavanca dos resultados da Caixa foi o crescimento da carteira de crédito, com alta de 10,4%.

Matéria atualizada em 09/05/2024 para inserir informações sobre o banco Mercantil; em 14/05/2024 para incluir dados sobre o banco PAN, Inter e Banco do Brasil; em 15/05/2024 para adicionar o lucro do Banrisul; em 21/05/2024 para inserir informações sobre Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal.