O aumento acelerado da inflação nos últimos meses está tornando cada vez mais difícil o sustento da população de baixa renda.
Um levantamento feito mensalmente pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou, por exemplo, que o custo da cesta básica para uma família de quatro pessoas na cidade de São Paulo chegou a R$ 1.064,79, enquanto que o valor do salário mínimo é de R$ 1,1 mil.
De acordo com uma reportagem publicada pelo Estadão no dia 14, “o quadro é preocupante porque a cesta básica inclui gastos apenas para compra de 39 produtos, entre alimentos e itens de higiene pessoal e limpeza doméstica”, deixando de fora despesas com moradia, transporte e medicamentos.
A alta da cesta básica em julho foi de 0,44% em relação a junho, e já acumula alta de 5,65% no ano e de 22,18% em 12 meses. Para efeito de comparação, a inflação oficial — o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE — avançou 8,99% nos 12 meses encerrados em julho.
A diferença de R$ 35,21 entre o custo da cesta básica e do salário mínimo é a menor desde dezembro do ano passado, quando foi de R$ 37,11.
O coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, observa que, “enquanto a comida em geral acumula alta na faixa de 12% em 12 meses, os preços dos alimentos essenciais da cesta básica subiram cerca de 25%”, diz a reportagem. “Ele lembra que a expectativa era de que os preços dos alimentos recuassem um pouco mais rápido”, mas que isso não ocorreu “por causa dos problemas climáticos: falta de chuvas e geadas que castigaram as safras de vários produtos”.