O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, marca a luta antirracista, além de refletir sobre a relevância e a contribuição histórica e cultural da população negra no Brasil.
Nessa data, a imprensa e sociedade promovem importantes debates e reflexões sobre as árduas lutas e conquistas daqueles que representam 55,5% da população brasileira – 112,7 milhões de pessoas em um universo 212,6 milhões. De acordo com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,6 milhões (10,2%) se autodeclaram “pretos” e 92,1 milhões (45,3%), “pardos”.
Impactados por uma herança escravocrata, a população negra sofre para se inserir no mercado de trabalho. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, as mulheres negras são as mais prejudicadas. Elas têm o dobro do desemprego dos homens não negros e, quando empregadas, ocupam as vagas com menores salários. No 2º trimestre de 2024, havia 7,5 milhões de desocupados e a taxa de desemprego média é de 6,9%. Para os homens não negros, é de 4,6% e 10,1% para as mulheres negras.
Setor bancário
O setor bancário ainda enfrenta grandes desigualdades e desafios quando o assunto é diversidade racial. Dados recentes mostram que a presença de pessoas negras em cargos de liderança em instituições financeiras é ínfima.
De acordo com o Censo da Diversidade da categoria, que mapeia o perfil dos bancários, enquanto os homens brancos respondem por 39% dos cargos de liderança, as mulheres negras (pretas e pardas) respondem por apenas 10%. Além disso, a remuneração média das mulheres negras é, em média, 38% inferior à remuneração do homem branco.
Para que as bancárias negras recebam a mesma remuneração que os bancários brancos, elas teriam que trabalhar mais 18 dias durante o mês. Assim, precisaria de mais 7 meses para que a igualdade salarial fosse estabelecida.
Para a Frente Nacional de Oposição Bancária (FNOB), essa disparidade reflete não apenas o racismo estrutural, mas também uma falta de ações efetivas para promover a inclusão e a equidade no setor. É urgente e fundamental que todas as instituições realizem anualmente um censo de diversidade – ferramenta essencial para mapear a composição do quadro de funcionários e identificar lacunas de representatividade – e elaborem políticas de inclusão, promovendo oportunidades aos trabalhadores negros e deixando para trás desigualdades históricas.