Termômetros registrando temperaturas acima da média têm sido cada vez mais comuns no Brasil. O País passa neste momento, inclusive, por mais uma onda de calor e está sob alerta vermelho, de “clima severo”, avisa o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Além do desconforto, o tempo quente também oferece riscos à saúde dos trabalhadores, revela uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o Inmet, a temperatura deve ficar 5 graus acima da média, com maior intensidade nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Aliado a isso, há previsão de tempo predominantemente seco na maior parte do País.
Especialistas ressaltam que o forte calor oferece perigo à saúde das pessoas, principalmente para vulneráveis, como crianças e idosos. A pesquisa da OIT, intitulada Garantir a segurança e a saúde no trabalho num clima em mudança, divulgada em 22 de abril último, endossa esse alerta.
O estudo aponta que mais de 70% dos trabalhadores e trabalhadoras que integram a força de trabalho global estão expostos a graves riscos para a saúde em razão das mudanças climáticas, como calor excessivo, radiação ultravioleta, fenômenos meteorológicos extremos, poluição atmosférica, doenças transmitidas por vetores e agroquímicos.
Calor excessivo
Entre a força global de 3,4 bilhões de trabalhadores, mais de 2,4 bilhões de integrantes teriam sido expostos ao calor excessivo em algum momento da sua carreira. A proporção aumentou de 65,5% para 70,9% entre 2000 e 2020.
De acordo com o relatório, várias condições de saúde dos trabalhadores estão associadas às mudanças climáticas, incluindo câncer, doenças cardiovasculares, respiratórias, disfunções renais e problemas de saúde mental.
A OIT destaca ainda que as medidas de segurança e saúde no trabalho encontram dificuldades para se adequar a essa nova realidade. Não é preciso procurar com afinco para notar que esse cenário é alinhado ao contexto do Brasil. A Frente Nacional de Oposição Bancária (FNOB) acompanha, por exemplo, frequentes casos de agências bancárias operando com sistema de refrigeração quebrado e seus funcionários trabalhando sob intenso calor, em vários municípios do País.
É urgente que os governos e administradores, além de adotarem ações para preservar o meio ambiente e buscar reduzir os impactos das mudanças climáticas, tomem medidas para proteger a saúde, integridade e dignidade dos trabalhadores brasileiros.