A luta antirracista celebrou uma importante vitória nesta semana. Na segunda-feira, 10 de junho, a Justiça da Espanha condenou a oito meses de reclusão três torcedores do Valencia, time de futebol espanhol, após episódio de racismo contra Vinicius Júnior, atacante do Real Madrid e da Seleção Brasileira.
Os torcedores foram condenados por crime contra a integridade moral, agravado por motivações racistas. O trio também foi proibido de frequentar qualquer estádio espanhol por dois anos. Esta é a primeira condenação por racismo da história da Espanha no âmbito do futebol.
Vini Jr. tem sido vítima de racismo desde 2021, com mais de dez casos de ofensas verbais à beira do campo, até ameaças de morte. Torcedores do Atlético de Madrid, ligados a grupos de extrema-direita, chegaram a simular o enforcamento do jogador, com um boneco pendurado em uma ponte de Madrid, capital espanhola.
“Muitos pediram que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas ‘jogar futebol’. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos”, publicou o brasileiro em seu perfil no X (antigo Twitter).
Lembrando que, apesar da sentença de oito meses de reclusão, eles não irão para a cadeia. Isso porque o Código Penal espanhol permite que penas inferiores a dois anos sejam suspensas, em casos de crimes não violentos, caso o juiz ou tribunal acredite que o réu não voltará a infringir a lei.
De qualquer modo, a condenação inédita proferida pela Justiça espanhola é merecedora, sim, de aplausos. No entanto, é de se revoltar que, mesmo diante de registros diários de atos racistas dentro e fora de estádios em todo o mundo, sentenças como essa ainda sejam raras. Exemplo disso é que, na Espanha, onde o próprio Vini Jr. já foi alvo do crime em outras ocasiões, esta foi a primeira decisão do tipo.
O racismo deve ser combatido dentro e fora dos gramados. Não apenas torcedores criminosos devem ser punidos, mas também os clubes e até as organizações, que fomentam o racismo, muitas vezes, se omitem no combate a este crime ou não adotam ações possíveis para punir os autores (como, no caso de torcedores, expulsá-los e bani-los das partidas).
A Frente Nacional de Oposição Bancária (FNOB) se solidariza pelo jogador brasileiro e espera que todo e qualquer agressor, tanto pessoa quanto instituição, seja severamente punido por sua atitude racista ou qualquer outro tipo de intolerância.
Ascom/FNOB